"Promete-me que no próximo ano não compras mais Bordallo."
"Ok. Eu prometo." (enquanto fazia figas mentais)
"Não é por nada mas já não há espaço em casa para arrumar mais loiça."
Conversa tida no ido, e longínquo, mês de Dezembro de 2014, entre mim e o meu marido.
Até agora consegui cumprir a promessa mas só porque me mantive a uma distância segura das lojas que vendem Bordallo Pinheiro. Bem, não é bem verdade... Na semana passada dei um saltinho à loja mas só porque uma amiga de Lisboa me pediu muito para ir com ela, quando me veio cá fazer uma visita. E também é mentira que não tenha mais uma peça "bordaleira" cá na cozinha mas só porque essa minha amiga fez questão de me oferecer um pratinho... Que, por sinal, é do mais lindo que pode haver...
É lindo ou não é? Uma verdadeira ode à Primavera. |
Eu adoro cozinhar, desde sempre, e há algumas comidas com as quais tenho uma memória olfactiva, visual e emocional fortíssima. Uma delas é a sopa de tomate da minha avó Lurdes. Sopa que a vi a fazer centenas de vezes, o que me tornou na única pessoa da família que a sabe reproduzir. A minha sopa preferida, cheia de tomate, grosseiras rodelas de cebola e pão de carcaça a boiar lado a lado com os ovos escalfados e as folhinhas de hortelã a enfeitarem de cor e cheiro o prato, quase a transbordar de sopa. Porém, essa recordação só é completa com os pratos onde era servida a sopa - os pratos do cavalinho. A sopa de tomate da minha avó era religiosamente servida nos "pratos do cavalinho", cor de rosa, feitos em Sacavém. Lembram-se?
Não sei se a minha avó o fazia propositadamente porque nunca lho perguntei. Mas agora que também eu sou cozinheira da minha própria casa acredito sinceramente que sim. A comida que servimos pode ser do mais apetitoso mas se for servida em pratos feios, ou que nada tenham a ver com o que estamos a servir tiram, com toda a certeza, um pouco do sabor do prato. Por outro lado, o mais simples dos alimentos, como uma bucha de pão do dia anterior, saberá bem melhor naquele pratinho Robin, cor de rosa, da foto. Daí a expressão "os olhos também comem".
Tão ou mais importante como a forma como dispomos os vários componentes de uma receita, num prato é toda a envolvência... Os pratos, os talheres, a toalha ou os individuais, o cesto do pão,... tudo.
Como sou toda fofinha, dada mais aos alimentos regionais, frescos ou acabados de apanhar na horta, toda mariquinhas no tipo de cozinha que faço, Bordallo Pinheiro é sem sombra de dúvida a minha marca de loiça de eleição. As florezinhas, as representações amorosas e super realistas dos vegetais e frutos, os animaizinhos aqui e ali representados... uma marca toda Papoila, portanto.
Sim, eu sei que não há mais espaço no nosso T1 para mais pratinhos e tigelinhas e coisinhas fofinhas mas quem disse que o espaço de arrumação da Chez Longue não dá para arrumar pratos? Pelo menos mais um serviço de 24 peças cabe lá na boa. Ah sim, e nas paredes da sala cabem mais umas 55 figuras, pratos, representações, azulejos e similares.
Hoje em dia de celebração dos 169 do nascimento do criador da marca Bordallo Pinheiro, Rafael Bordallo Pinheiro, fica aqui a minha homenagem e promessa, sem figas mentais, que mais e mais loiça linda e fofinha da Bordallo ainda entrará neste nosso T1.
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