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10.11.15

Fui a um Sítio

Há alturas em que apetece meter-me num avião - não num qualquer que gosto muito pouco de aventuras malucas - num daqueles que nos levam para sítios longínquos, ver coisas, paisagens e pessoas diferentes e sentir sabores, cores e cheiros de outras nacionalidades. Depois, pego em mim a pensar que não tenho dinheiro para me pôr num avião quando me apetece e olho lá para fora, num dia como o de hoje, e me lembro, ridiculamente, que está um sol do caramba, um Verão de S. Martinho, um céu do mais azul que há, um carro com gasóleo e milhentos de lugares, a poucas dezenas de quilómetros onde ainda não coloquei o pézinho. Shame on me!

Nazaré tinha um desses sítios, um sítio chamado Sítio onde nunca tinha ido da forma mais maluca e arrojada que a minha fobia de alturas permite - de ascensor. Diz a história que há o elevador da Vila de Nazaré até ao sítio desde 1889. Hoje, eu subi por lá acima, e desci também, pela primeira vez.


€2,40 ida e volta para desfrutar duma paisagem destas. 





E as Nazarenas? Falo das vestidas a rigor. As acesas e ferverosas. As vendedoras, de aperitivos para o caminho, a quem não consegues recusar nada. Daquelas, com uma manha e falinhas mansas, que se te pões a jeito quando dás por ti tens um saco cheio de tremoços, pistácios, cajus, milho salgado, nougats e bolachas de amendoim. Mas agarras no saco com um sorriso de orelha a orelha mesmo quando te apercebes que gastaste mais do que querias em frutos secos e petiscos agridoces. E as outras? As das saias. As das saias muito curtas... verdadeiras mini-saias nazarenas. Senhoras de mais de 60 anos de lenços na cabeça e xailes de crochet às costas e saias acima do joelho a desfilarem pernocas de mulheres de 20 anos. Afinal são anos de caminhadas na praia e é mais que justo que desfilem gémeos torneados e pernas sadias. Quando me apercebi que o tamanho da saia era comum à maioria das senhoras com quem nos cruzamos dizia eu para o Rui: "Estas Nazarenas são umas grandes atrevidas." Consciente de que se o tenho dito em voz alta sairia marcada da Nazaré. Já que, toda a gente sabe que as Nazarenas para além de usarem saias atrevidas são senhoras com quem não nos queremos meter ao pingarelho. Falando muito a sério, achei maravilhoso haver uma Vila tão perto de Lisboa onde ainda há tantas pessoas que usam diariamente um traje tradicional tão bonito e antigo. Quanto ao tamanho das saias desconfio que tenha a ver com o facto de ser tradicionalmente um traje de peixeiras, daquelas que vão à praia receber os pescadores, e que saias pelo tornozelo não deva ser do mais prático que há para andar na areia e à beira-mar a levar com as ondas do mar.

Adorei e já ando a pensar que outros sítios há por descobrir neste pequenino e maravilhoso país.

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