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Há uns bons meses, lá para o início do ano, quando uma das minhas amigas teve bebé e os fui visitar ao hospital contava-me ela com todos os pormenores, que só às muito próximas amigas são permitidos, o parto.
Lembro-me que quando me contou que tinha sido uma enfermeira parteira que tinha feito o parto aquilo pareceu um bocadinho estranho na minha cabeça... Explicou-me então, que hoje em dia era o mais habitual e que só numa situação de complicações é que o médico obstetra era chamado. Depois de reflectir um bocadinho sobre a naturalidade, pelo menos é assim que a natureza fez para ser, dum parto passou a fazer imenso sentido que num momento, ainda que de tanta importância, mas cuja evolução só depende de como o corpo e a mente da parturiente funciona, naquele momento, fosse apoiado e realizado por uma Enfermeira Parteira. Aliás, a minha amiga disse que gostou imenso da enfermeira que lhe calhou e que foi sempre super atenciosa mas demonstradora de assertividade e conhecimento.
Ora, se primeiramente me pareceu que o parto faria mais sentido ser realizado por um médico porque a minha mente estava influenciada por todo espectáculo e terror que costumam fazer do momento. Depois de ficar a saber que os partos estavam na maior parte das vezes a cargo de enfermeiros parteiros aí é que me pareceu mais que óbvio que esses teriam certamente um conhecimento especializado do assunto e que por isso, óbvio, receberiam de acordo com o seu conhecimento. Correcto?
Pois, parece que não!
Tenho acompanhado nas últimas semanas os protestos dos enfermeiros especialistas, nomeadamente os parteiros, e lembrei-me logo daquele episódio com a minha amiga.
Eu posso estar a falar para o alto, partilhando apenas a minha opinião e até admito que, muito provavelmente, não tenho todos os factos para opinar com razão. Mas caramba!! Não é óbvio que um profissional, seja de que área for, quando desempenha funções de especialista, que só podem ser realizadas por ele porque estudou para isso, deva receber mais que o colega que tendo a mesma profissão não tem a especialização não tendo sequer o conhecimento para desempenhar essas funções?!
A mim parece bastante natural, óbvio e acima de tudo uma questão de justiça... até para quem não é especialista em coisa nenhuma é fácil de perceber!
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