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23.7.13

Havia um senhor na Foz... que vive agora com o seu final feliz.


Havia um senhor na Foz...

Havia um senhor na Foz, que eu costumava ver no café. Um dia, não sei muito bem porque razão (mas também a razão não é perdida nem achada para esta história) comecei a falar com ele.

Um velhinho dos seus setenta e muitos, que aparentava noventa, e que tinha no olhar um brilho de tristeza tão intenso que até se tornava difícil dizer-lhe palavras que lhe roubassem um sorriso.... 

Havia um senhor na Foz que perdera o amor da sua vida há dois anos. Desde então, desejara "perder-se" por igual caminho, pois a dor de estar vivo sem ela era insuportável.

Havia um senhor na Foz que quando soube que eu estava a trabalhar em Lisboa e que só vinha a casa um dia por semana me disse: "Oh..., mas isso é muito triste." Depois, parou, pensou e refez o discurso: "Olhe menina, se calhar é melhor... assim quando a menina faltar ao seu marido, ele já não sofre tanto."

Foram exactamente estas palavras, duras mas duma extrema sinceridade que me desarmaram. Era por frases desarmantes destas, que eu até me sentia culpada quando o tentava animar. Eu dizia que não, que havia mais pessoas que gostavam dele, mas na verdade eu sentia que o destino que ele tanto desejava era realmente o final feliz para esta história. 

Por vezes somos egoístas ao ponto de "proibirmos" que as pessoas morram quando tem de ser, só porque as queremos perto de nós. 

Havia um senhor na Foz, que eu conheci há um ano, um senhor avó com quem falava durante um café, ou estragadinho, como ele lhe chamava.

Havia um senhor na Foz que me mostrou só com o brilho do seu triste olhar que o amor pode mesmo ser o mais importante na nossa vida. E se duvidas o meu coração lamechas tivesse, aquelas palavras que me dirigiu no dia que soube que eu estava tão longe do meu amor, serviram para eu ter a certeza que o meu lugar era aqui... na Foz.

Prefiro a possibilidade de sofrer horrores por perder alguém que amei perdidamente, do que sofrer menos porque escolhi amá-lo à distância.

Havia um senhor na Foz, que aos olhos dos que passavam sem olhar, era um velhinho de boina ao xadrez que trabalhou toda a sua vida no mar. 

Havia um senhor na Foz, que aos olhos dos que o ouviam ao passar, era um velhinho de boina de xadrez que desejava um rápido final feliz para a sua história de amor.

Este Domingo chegou esse final feliz.

Sr Alfredo espero um dia poder encontrá-lo no céu onde vivem todos aqueles que amaram perdidamente.
Beijinhos e um "estragadinho".

2 comentários:

Something about details disse...

Meu deus...puseste-me de lágrima no olho.....a isto chama-se escrever com o coração!!!!!
Abraço cheio de saudades que vou com toda a certeza matar em breve.
A tua amiga PG

anabela disse...

Tão lindo e tão profundo como só o amor pode ser, como só os que amam assim podem dizer... hoje fiquei com os olhos rasos de água e se dúvidas houvesse hoje eu teria ainda mais a certeza de que só assim o amor deve ser vivido e que infelizmente o amor assim não é para todos, abençoados são e sejam os que o têm!